Mundos Sociais
Durante os últimos três anos reuniram-se em Lisboa doze investigadores
para discutir a crise iniciada em 2108. Os participantes
escolheram designar esses encontros por Rede Aftermath
(“rescaldo”), expressando nesse nome as suas certezas e
dúvidas sobre a crise, a sua génese, as suas metamorfoses e culturas
nas diferentes geografias e sociedades. Este grupo foi coordenado
por João Caraça, Manuel Castells e Gustavo Cardoso
e teve no apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian e
no suporte do CIES-IUL as suas estruturas operacionais.
A ideia fundamental que presidiu às reflexões e propostas de
análise do grupo foi a de que a actual crise económica é umponto
final num certo tipo de capitalismo. Mais do que isso, é improvável
que regressemos ao mesmo modelo de organização
económica e social anterior a 2008, mesmo se a economia global
repousar depois de um período de reestruturação. E, portanto,
levanta-se uma questão fundamental: como viver num sistema
económico diferente enquanto se mantêm os modelos culturais
que fizeram parte deummodelo global de capitalismo alicerçado
no mundo financeiro? E emparticular, como viver numa cultura
consumista quando os bens de consumo se tornam de acesso
cada vez mais limitado à maioria da população? Haverá vida
depois do consumismo? E se sim, que tipo de vida? Que tipo de
cultura? Que tipo de sociedade? […]