Isabel Babo: «Em termos de investigação, quando outrora se inscrevia, principalmente, no campo da sociologia, da história e da ciência política, o activismo reverteu-se num objecto presente nos estudos em comunicação, em grande parte graças às práticas comunicacionais activistas que usam as novas tecnologias de informação e comunicação.»
Que as práticas activistas são tecnologicamente mediadas, usam os media sociais, recorrem a e criam práticas comunicacionais e novos reportórios, com consequências sociais, culturais e políticas, é uma realidade que se oferece a uma infinidade de estudos e de perspectivas. Da diversidade desses fenómenos emanam, nesta obra, diferentes olhares que recortam temas e problemas diversos, precisamente sobre os activismos, as redes digitais, as novas modalidades de comunicação e de mobilização colectiva, as relações entre media e indivíduos, colectivos e cidadãos.
As abordagens aqui presentes abrangem a problematização da contaminação do activismo social pelas relações públicas; a reflexão sobre a ciência cidadã como um modo de activismo; as emoções colectivas no activismo e na confluência de uma causa comum; o carácter transnacional dos feminismos, numa perspectiva interseccional e marcada pelos afectos; a formação de uma causa activista comum sobre problemas globais e particulares; o programa político-jornalístico da WikiLeaks em confronto com o dispositivo político-mediático internacional; os casos WikiLeaks e Panama Papers e a captura do jornalismo de investigação e da prática jornalística; e, por último mas não em último, o uso de media populares locais para o reconhecimento de identidades e autonomia de um território.
Trata-se de abordagens plurais sobre comunicação e activismo que apelam à leitura e a uma recepção activa.