Annablume
Uma memória digital participativa comum ao conjunto da humanidade está em vias de constituição. Mas no início do séc. XXI, a exploração dessa memória por todos e por cada um é limitada por problemas de opacidade semântica, de incompatibilidade dos sistemas de classificação e de fragmentação lingüística e cultural. Na ausência de modelos computáveis, nós não conseguimos automatizar a maior parte das operações cognitivas de análise, de filtragem, de síntese e de interconexão das informações que permitiriam utilizar vantajosamente a imensa massa de dados que se nos oferecem. Nós não sabemos ainda como transformar sistematicamente esse oceano de dados em conhecimento e ainda menos como transformar o meio digital em observatório reflexivo de nossas inteligências coletivas. A primeira finalidade desta obra é apresentar à comunidade científica e ao público avisado um novo sistema de codificação das significações, graças ao qual as operações sobre o sentido na nova memória digital poderiam se tornar transparentes, inter-operáveis e computáveis. Esse sistema de codificação semântica foi batizado a IEML (Information Economy Meta Language em inglês ou metalinguagem da economia da informação em português). O seu uso poderia contribuir para suprimir os obstáculos que hoje limitam a exploração ideal do meio digital em benefício do desenvolvimento humano em suas dimensões indissociavelmente sociais e pessoais. Se uma comunidade dinâmica de semanticistas e de lingüistas enriquecesse essa linguagem e a fizesse crescer, se um grupo de engenheiros programasse e mantivesse uma coleção de programas explorando as possibilidades computacionais da IEML e se uma massa crítica de utilizadores e de mídias sociais se apropriasse desses programas, eu considero que nós nos engajaríamos em uma nova via científica, técnica e cultural que a longo prazo levaria a um aumento significativo dos processos cognitivos humanos.