#callfor O outro lado da Moda: Emoção, Memória, Sentimento (dObra[s])

Fin: 30/11/2024

Entidad Organizadora:

dObra[s]

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Ao contrário de outras áreas do Design, a Moda desprende-se definitivamente do rótulo tantas vezes impositivo da funcionalidade e do mero utilitarismo, herança da modernidade. Talvez pela relação mais próxima e íntima que se estabelece entre corpo e objeto, aceitamos de modo mais incondicional as emoções e sensações que a moda nos proporciona.

É o que De Carli (2002) reforçou sobre a dinâmica da experiência da vivência do aqui e agora e o jogo dos sentidos nesse “sensacional da moda”. Ou como coletado por Merlo (2015), os discursos que são construídos e perpetuados dessa memória. Por outro lado, a Moda enfrenta grandes desafios em função do estado do mundo, das alterações climáticas, do individualismo e liberdade paradoxais que caracterizam a chamada “hipermodernidade” analisada por Lipovetsky (2020).

Como constata Silvano (2021) a volatilidade das imagens que caracterizou as últimas décadas trouxe consigo uma distanciação face aos objetos que explica em parte a pobreza da relação que estabelecemos com eles e a consequente facilidade do seu descarte.

A procura de resposta a este estado das coisas refletiu-se em fenômenos como o slow fashion pela revisão do consumo e a consciência sobre a cadeia produtiva. Segue-se uma valorização da aquisição de roupa de segunda mão, aplicativos de serviços de personal styling ou da revalorização da manutenção das peças, muitas vezes herdadas da mãe ou da avó.

Somos progressivamente estimulados a olhar para a Moda com maior profundidade, pelo modo como desperta emoções e memórias, pelo facto de dizer sempre algo sobre nós e, sobre o modo como nos posicionamos no mundo ou como ação de empoderamento no mesmo, uma afirmação da nossa visão cultural, de ativismo e crítica a um contexto socioeconômico dominante.

O Design de Moda sempre se beneficiou das rupturas e experimentações operadas no campo das Artes Plásticas, enquanto possível veículo de linguagens inovadoras e denunciadoras de uma atitude inconformista que se pode traduzir em produtos portadores de significados e emoções, logo possivelmente menos voláteis e descartáveis (Romãozinho, 2024).

A Moda é um poderoso instrumento de comunicação, por vezes irreverente e transgressora. Duarte (2017) refletiria na sua obra sobre a força das imagens na Moda, vínculos para quem prefere expressar-se com o corpo todo e não só com a voz, articulando discursos sem palavras, ocupando sempre um espaço livre entre a ficção e a realidade.

Ou ainda, como Benetti e Norogrando (2016) apontam que as emoções e sentimentos vinculados às áreas performáticas da Moda e da Música estariam relacionados a um sonho ou delírio em uma busca pelo intangível em uma fantasia aos desejos pessoais. Que segundo Anjos (2020) se não criamos estas imagens acabamos por consumi-las. E assim, esta relação pessoal daquilo que emociona também é trazido por Carvalhal (2020) na construção de imagem de marca em uma “simples” conexão de uma indústria com pessoas.

Convidamos os autores a partilhar os resultados das suas investigações científicas de natureza mais teórica, experimental ou aplicada, que se intersectam com o presente tópico e que podem corresponder a perspectivas multidisciplinares e reflexivas por diferentes áreas.